Vício em Comer: Você Conhece Este Vício?
O Vício em Comer é mais comum do que podemos imaginar. E grande parte das pessoas afetadas por ele não sabem que tem este problema.
Você sabe se você tem o Vício em comida? Continue a leitura e entenda mais sobre este vício.
Parece curioso que a endocrinologia comentasse um artigo psiquiátrico, mas nos últimos anos a linha que divide as duas especialidades se tornou mais indefinida.
Não é coincidência que os endocrinologistas sejam confrontados com novos diagnósticos como o distúrbio alimentar (BED), um tipo de distúrbio alimentar que compartilha com bulimia e anorexia o mesmo capítulo da Categoria Mundial de Patologias (CID) de distúrbios psiquiátricos.
TCPA quanto as Dependências Químicas
Tanto o TCPA quanto as dependências químicas têm em comum a perda de controle sobre o consumo, o consumo excessivo apesar das conseqüências negativas, a derrota nas tentativas de minimizar ou parar o consumo.
Poderíamos traduzir esta falta de controle em um tipo de dependência de alimentos ou vício em comer
Outro aspecto que está ganhando notoriedade é o reconhecimento do desejo hedônico, relacionado em essência ao prazer criado pela ingestão de certos tipos de alimentos, principalmente aqueles ricos em sacarose, gordura e sal que lhes conferem uma alta palatabilidade.
É então que uma vez nos perguntamos se possuímos a ânsia ou “triunfos da ingestão”.
O assunto dos próximos parágrafos será o vício alimentar mais relacionado à açúcar e comentários sobre o artigo publicado na revista Frontiers in Psychiatry, intitulado vícios.
Açúcar: Da Evolução à Revolução
O artigo examina pontos da evolução humana e revoluções múltiplas (agrícolas, industriais e tecnológicas) em paralelo às mudanças no perfil epidemiológico e demográfico com o aumento dos casos de obesidade em diferentes populações.
Vício em comer ou qualquer artigo sobre obesidade não pode deixar de mencionar a epidemia de obesidade em que vivemos, que afeta não apenas as nações desenvolvidas, mas também as nações em desenvolvimento, com 30% ou mais da população classificada como obesa ou com excesso de peso.
O crescimento do número de indivíduos obesos e com excesso de peso se intensificou nos últimos 30 anos.
Os autores levantam uma questão que confunde vários estudiosos: “O que mudou nesse curto período de tempo?”.
Estilo de vida sedentário
Uma teoria comum é o aumento dos estilos de vida sedentários, pois vários estudos secundam este critério e correlacionam a inação física com as horas em frente à televisão.
Uma segunda teoria é que nestas poucas décadas houve um aumento na disponibilidade e no consumo de alimentos hedônicos bastante apetitosos que provocam a fome. O tão conhecido Vício em Comer!
Investigações sobre a interação entre o “ambiente alimentar” e a obesidade levaram à conclusão de que a disponibilidade generalizada de lanches subjetivamente baratos e convenientes modificou o comportamento alimentar.
A cadeia alimentar tem limitado o custo dos alimentos ricos em calorias, adicionando sacarose refinada, cereais e/ou gorduras a seus produtos.
Vício em Comer: Consumo de alimentos processados
O consumo de tais alimentos processados ou ultra-processados tem aumentado em crianças pequenas e mais velhas.
Embora as mudanças comportamentais e de estilo de vida continuem sendo o procedimento primário de obesidade, a coesão a estas medidas foi um inconveniente.
Estudos atuais sugerem que alimentos altamente processados são viciantes e que os mecanismos hedônicos (relacionados ao prazer) têm o potencial de desempenhar um papel no desenvolvimento da obesidade.
Várias revoluções durante a crônica da raça humana influenciaram as transições que refletem o crescimento da obesidade e suas conseqüências sobre a saúde internacionalmente.
Vício em Comer: Pontos Evolutivos e Genéticos da Ingestão de Alimentos
Do ponto de vista evolutivo, o crescimento da gordura corporal preparou os animais para tempos de escassez.
A propósito, este armazenamento de gordura conferiu uma virtude em tempos em que os humanos não tinham estabilidade no fornecimento de alimentos (caçadores) e podiam lidar durante vários dias com uma dieta hipocalórica.
Quando este cenário mudou?
A primeira mudança foi o advento da agricultura (revolução agrícola) há cerca de 10.000 anos, o que permitiu ao ser humano gerar e armazenar alimentos para o consumo familiar.
A segunda mudança foi a industrialização dos alimentos (revolução industrial) durante o século XIX, que permitiu a produção em massa de farinha e sacarose e sua posterior construção.
Nas últimas décadas, alimentos processados e ultra-processados altamente calóricos foram produzidos em uma escala bastante grande, tornando-se mais baratos e disponíveis para toda a população. E isso se tronou um forte incentivo ao Vício em Comer!
Vício em Comer: A Terceira Revolução
A terceira revolução ocorreu com o aumento da acessibilidade dos automóveis, televisores, computadores e outros dispositivos tecnológicos (revolução tecnológica) que levaram a um estilo de vida sedentário.
Uma vez combinadas as 3 transformações, temos a possibilidade de ver que a ingestão calórica aumentou e que o gasto calórico diminuiu consideravelmente, o que deu origem à epidemia de obesidade atual.
Apesar de toda a evolução cultural e tecnológica, nosso genoma mudou muito pouco nos últimos 10.000 anos.
Isto significa que nossos próprios circuitos cerebrais ainda estão programados para comer mais em tempos de copiosidade em preparação para estágios de anseio. E essa constância pode originar o vício em comer!
Os estudos genéticos centrados nos polimorfismos dos genes envolvidos com nutrientes específicos e na obesidade-nutrigenética-sugestão que os componentes epigenéticos influenciam a predisposição à obesidade em certas populações.
Vício em Comer: Evolução da Dependência em Alimentos
Aparentemente, houve uma co-evolução dos aspectos envolvidos nos animais para identificar nutrientes calóricos e aqueles que permitiam a ingestão de pequenas porções de plantas tóxicas para prevenir patologias ou melhorar as condições físicas.
Por exemplo, o hábito de mastigar folhas de coca ou o consumo de tabaco pelos aborígines da América permitiu-lhes superar a fadiga e ter mais formas de caçar ou de descobrir alimentos.
O que fizeram essas substâncias viciantes? Os seres humanos aprenderam a processar alimentos (especialmente carboidratos) e intoxicantes, aumentando sua potência e dando-lhes uma importante resposta aos mecanismos de recompensa.
Alimentos lícitos e ilícitos
Tanto na situação de drogas e alimentos lícitos e ilícitos, parece ter havido um “descasamento” evolutivo, um descasamento entre as rápidas mudanças no ambiente e as mudanças mais lentas geradas em nosso sistema nervoso central.
Ultimamente foi demonstrado que a ingestão de drogas e alimentos possui os mesmos mecanismos positivos de reforço e utiliza circuitos habituais de recompensa neural.
A disfunção do sistema de recompensa na presença de alimentos bastante palatáveis tornou-se o componente principal influenciando a prevalência da obesidade.
Embora exista uma relação entre o vício em comer (se alimentar) e a obesidade, eles não andam constantemente de mãos dadas: não temos a possibilidade de descartar que uma pessoa tenha vício alimentar, pois ela não é obesa, nem temos a possibilidade de garantir que todo indivíduo obeso tenha vício alimentar.
Diagnóstico e Procedimento do Vício Alimentar
A entidade do “vício em comer” ainda não se distingue totalmente, porém existem publicações na área, mesmo com as escalas tão amplamente utilizadas em psiquiatria continuam a surgir.
A Sociedade Psiquiátrica Americana define o vício como “uma condição complexa, uma patologia cerebral que é afirmada pelo consumo compulsivo da substância, apesar de suas seqüelas nocivas”.
Em com o vício em comer não seria diferente!
A ferramenta de diagnóstico mais conhecida é a Escala de Vício Alimentar de Yale, que possui um teste de validação nacional para o português brasileiro.
Ao mesmo tempo que as dependências de alimentos mais óbvias, os medicamentos utilizados para procedimentos de dependência do álcool e do tabaco, tais como naltrexona e bupropiona, são utilizados em outros territórios e também no Brasil fora do rótulo, juntos ou separadamente, para a perda de peso.
A abordagem de redução de danos é empiricamente apoiada para minimizar os resultados negativos associados à dependência de alimentos.
Se este envolvimento pode ser aplicado ao mesmo comportamento de dependência química na situação de dependência de alimentos ultra-processados é incerto. É um cenário que precisa de uma análise mais aprofundada.
Os Alimentos Adictivos no Brasil
O Brasil tem visto um crescimento na porcentagem do consumo de alimentos ultra-processados em detrimento dos alimentos minimamente processados e in natura.
Uma análise realizada por pesquisadores da Saúde Pública observou que os alimentos ultra-processados representam cerca de 30% da ingestão calórica total.
Os indivíduos com o maior consumo de alimentos ultra-processados têm um índice de massa corporal significativamente maior e quase o dobro do risco de obesidade e cerca de 25% de chance de estarem acima do peso em comparação com as pessoas que tinham o menor percentual de consumo de tais alimentos.
Os autores concluem que os resultados desta análise sugerem uma predominância fundamental dos alimentos ultra-processados na gênese do aumento da obesidade no Brasil.
Perspectivas Para o Futuro
A solução para este problema não é fácil e envolve inúmeras áreas de compreensão médica. O debate deve extrapolar o ambiente da saúde pessoal e coletiva e envolver outros setores governamentais e da sociedade.
O artigo que foi útil como base para este artigo mostra evidências de que os alimentos ultra-processados contribuem para a epidemia de obesidade.
E assim expõe a necessidade de intervir a nível populacional através de políticas públicas e legislação regulatória sobre alimentos ultra-processados, particularmente na área de segurança alimentar.
No Brasil, em relação à regulamentação da indústria alimentícia, uma posição e uma demanda liderada por diversas associações.
Para o vício em comer, comunidades médicas defendem, por exemplo, a rotulagem frontal dos produtos industrializados para que seja facilmente identificável quais alimentos são ricos em sal, sacarose e gorduras saturadas.
Movimento Slow Food
Quando nos referimos ao consumo de alimentos, não podemos deixar de mencionar o movimento Slow Food, predecessor do movimento Slow Medicine.
O Slow Food defende o consumo de alimentos bons, limpos e justos e tem implicações políticas e macroeconômicas.
A sustentabilidade é uma de suas principais linhas de ação, juntamente com a valorização dos produtores e dos alimentos clássicos e sazonais.
Proteger os pequenos agricultores e encurtar a cadeia entre produtor e consumidor não aumentaria exatamente o custo dos alimentos.
Cadeia sem intermediários
Mas os produtos desta cadeia sem intermediários e em uma escala menor seriam sem dúvida menos processados do que os alimentos industrializados.
O Slow Food adverte sobre o custo ambiental dos alimentos processados em escala industrial.
Pode parecer estranho que os alimentos, uma fonte essencial para nossa gestão e saúde, sejam considerados um vício em comer, mas sim! Esta categoria de vício e dependência existe.
Atualmente o Manual de Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM5) já estima o vício alimentar como uma categoria totalmente nova de vício que precisa de procedimento, você sabia disso?
O Que é um Vício em comer ou Dependência?
O termo vício pode ser considerado como o hábito ou hábito persistente de fazer ou consumir algo, o que leva à dependência e torna seu consumo irresistível.
O que distingue o hábito do vício é que este último dá continuamente perigos, além de se tornar freqüente e desordenado.
Além dos efeitos de abstinência que são sentidos e expressos no objeto viciante, há também um sistema cerebral ligado ao prazer e à recompensa que dá uma sensação de conforto, relaxamento e alívio.
O Que é o Vício Alimentar?
A ingestão de alimentos não é apenas para nutrir nosso corpo humano.
Atualmente, estudos feitos tanto em animais quanto em humanos atestam que a ingestão de alimentos está diretamente relacionada ao cérebro e ao sistema de prazer comportamental.
Estudos indicam que em tais casos o sistema de recompensa pode estar desregulado e permanecer diretamente envolvido com obesidade e compulsão e possuir o mesmo sistema de recompensa e prazer que acontece com dependentes químicos e outros vícios, entre eles o vício em comer.
Existe Algum Alimento que Cause Dependência?
Conjecturas científicas mostram que certos alimentos ou elementos adicionados têm o potencial de causar processos viciantes (compulsão e obsessão) em indivíduos propensos, tais como alimentos processados com alto teor de gordura ou açúcar.
Como resultado, é gerada uma deterioração no controle do consumo deste tipo de alimento, que geralmente é observada em qualquer dependência ou dependência.
Critérios diagnósticos para estabelecer a condição de dependência de alimentos:
1) Manter uma cabeça pertubada com consumo de alimentos durante um período de pelo menos 12 meses que cause desconforto e efeito significativo;
2) Anseio ou desejo intenso de consumir determinados alimentos;
3) Alimentação em estado de embriaguez mesmo que haja alterações persistentes ou comuns nos pontos sociais ou interpessoais.
4) Consumo freqüente de alimentos, mesmo que resulte no não cumprimento das funções desempenhadas em casa, no trabalho ou na escola;
5) Ocupações sociais ou de lazer relevantes são abandonadas devido ao binge eating.
6) O binge eating continua a ocorrer mesmo que se esteja ciente dos inconvenientes físicos ou psicológicos atribuídos ao alto consumo.
Quais são as principais propriedades estatísticas daqueles que sofrem com este tipo de dependência?
Certos componentes são comuns em indivíduos que sofrem deste tipo de dependência ou de vício em comer.
Podemos citar como primários:
– Excesso de peso ou obesidade;
– Mais comuns em pacientes diagnosticados com distúrbios alimentares; mais comuns em mulheres.
– Mais comum nas mulheres;
– Mais comum em pessoas com mais de 35 anos de idade.
Vício em Comer: Como Tratar Este Tipo de Dependência?
Qualquer tipo de dependência, tendo em mente os pontos psicossomáticos, precisa de um acompanhamento multi-profissional. O mesmo ocorre com o Vício em comer:
É necessário um acompanhamento psicológico para tentar as questões emocionais que levaram e impulsionam a dependência.
Um acompanhamento psiquiátrico (para o gerenciamento de medicamentos para ajudar a manter o controle de impulso) e, nesta situação, é necessário um acompanhamento nutricional com um profissional da área.
Vício em Comer: Conclusão:
Há mais de uma década e tenho visto a dificuldade crescente dos componentes determinantes do desenvolvimento e procedimento da obesidade, seja atuando no exclusivo Sistema de Saúde ou na prática privada.
Dos múltiplos medicamentos que surgiram, nenhum tem efeitos excepcionais sobre o procedimento de obesidade e vários não estão disponíveis para a população de baixa renda.
Medidas mais amplas são urgentemente necessárias para o vício em comer e assim, reduzir o número crescente de indivíduos obesos e com excesso de peso, que são componentes de risco de outras patologias como diabetes tipo 2, hipertensão e patologias cardiovasculares.
Não teremos endocrinologistas para tantas pessoas em pouco tempo, e a obesidade não pode estar sob a responsabilidade de uma única especialidade ou tipo de profissional de saúde.
Cuidados por médicos generalistas
A obesidade deve estar sob os cuidados de médicos generalistas, outras especialidades médicas e uma equipe multiprofissional.
Para combater a epidemia global de obesidade, são urgentemente necessárias táticas concretas para os conjuntos de maior risco semelhantes às políticas de saúde, produção de alimentos e políticas sociais mais amplas.
Políticas estas que tenham um efeito positivo na cadeia de fornecimento, tais como o custo de alimentos minimamente processados, rotulagem adequada de alimentos ultra-processados e incentivos para proporcionar espaços amplos e seguros para a atividade física de toda a população.
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Até o próximo artigo.
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